Pages

sábado, 21 de dezembro de 2013


Eu sou e você é? Não, não sou e nem fui, mas por que eu preciso ser? Pois, meu caro, lhe digo que presa, sua alma, aclama sua inocência, traga a de volta, eu imploro. Mas como farei isso meu mestre, eu tenho apenas um guarda chuva e algumas moedas, como trazer a inocência de volta se não tenho como pagar alguém para tal importante tarefa? Digo-lhe, que para tal ocasião não necessita de dinheiro e muito menos de um guarda chuva, porém não sei o estado da tal, talvez o guarda chuva seja útil, guarde-o, amigo. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Perdido nas ilusões

Lembra quando eu era criança e você sempre insistia em me arrastar até o balanço? Ou quando me obrigava a comer aquelas estranhas balas amarelas? Pois é, agora aqui estou eu, já não tenho mais minhas balas nem minha infância. Penso que daqui alguns dias estarei prestes a me jogar naquela imensa pista de corrida sem nem ao menos ter aprendido que antes de dormir precisa escovar os dentes.
            E você, sumiu no tempo que a minha visão ainda era embaçada. Sei que se aquela onda de desejos e insatisfações não tivesse te atingido, talvez eu ainda estivesse aqui, talvez você até pudesse estar comigo.  Não sei nada sobre mim e nem sobre você, estou em um momento depressivo sem aquelas esbranquiçadas e amareladas balas. Lembro-me que foi você que me viciou nelas.
            No mundo inferior em que vivo, perdida em ilusões que já nem me agradam mais, todas as noites quando me deito, minto para mim mesmo que amanhã acordarei com você me chamando para o café e dizendo aquelas coisas que todos dizem. E logo depois dessa viajem que faço até o mundo real, volto para minha cama e como mais algumas daquelas estranhas balas.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

De batom vermelho e meias cor de rosa. Era essa a sua marca. Andava por toda rodovia sem nenhum medo ou dignidade. Parava toda vez que era chamada, sempre com um meio cigarro em seus dedos. Era essa sua vida, agora.
Ninguém podia ouvi-la ou vê-la. O mundo, para ela, sempre fora tão vazio. A sua volta, só via algumas almas sem rosto a procura de algo maior. Esse era seu passado, ela era apenas mais uma alma não identificada com muita vontade de viver. Mas quem era ela? Era só mais uma menininha com medo de sair de perto dos pais.

Agora não, ela não era mais uma criança. Era uma mulher, pelo menos era o que ela pensava. Todos os dias antes de sair de casa ela passa seu batom, que mais parecia uma enorme mancha de sangue em seus lábios, e colocava seus enormes saltos, mas nunca deixava de vestir suas pequenas e delicadas meias rosa, era uma forma de jamais esquecer seu glorioso passado.

domingo, 4 de agosto de 2013

Caminha por um lugar bagunçado, cheio de árvores, palavras tristes que são capazes de machucar qualquer um e dentro de alguns lugares ainda é possível ver alguns sorrisos. Anda como se estivesse perdida, mas sabe exatamente onde está, porém ainda não se acostumou com a ideia de que amanhã as flores não serão nunca mais vistas.
Mas quem é ela para dizer quanto tempo às flores devem ficar? Porque as expulsar agora, que estavam tão perto da primavera? Porém, na mente dela a primavera já não existe mais, ela caminha em um eterno inverno, sem flores nem cores. Muitos dizem que é impossível viver em um frio constante, mas ela nega qualquer forma de negativismo, afirma que isso é tudo questão de se acostumar, diz que às vezes, até consegue ver o sol nascer atrás de grandes e escuras nuvens.
            A aqueles que digam que quando a noite cai, ela se esconde dentro de uma caverna úmida e fica sonhando com a primavera, a mesma onde via rosas nascer durante o dia e sentia o cheiro dos jasmins à noite. Em alguns momentos de recaída ela admite sentir falta das cores vivas, dos animais e do sol, diz que é impossível desistir de um sonho de um dia para outro, precisa de um tempo para poder se adaptar e achar um novo sonho para correr atrás, assim como os pássaros fazem procurando o sol de norte a sul. 

sábado, 6 de julho de 2013

Do outro lado do vidro


Um dia meu avô me explicou algo chamado diferença, eu tinha sete anos de idade, naquele tempo não entendia ao certo o que ele queria me passar. Eu apenas pensava em borboletas e tigres, na minha cabeça eles eram a mesma coisa. Mas porque não poderia ser? São animais, não são? Pois não era o que meu avô achava.
Todos os dias saio de casa a espera do meu querido ônibus, aquele que ao mesmo tempo me leva para o estressante trabalho, mas que de tarde volta me trazendo a paz da minha casa. Raramente, quando não estou dormindo, reparo no que se passa através da janela, sempre me deparo com crianças brincando no caminho da escola. Acho incrível o modo como elas podem ver o mundo, parece ser tão simples e fácil, tão bonito e calmo. Elas mal reparam na roupa que vestem. Elas me lembram dos meus sete anos, a borboleta e o tigre, mal sabia eu que essa era a maior desavença do mundo. Talvez se conseguisse voltar aos meus sete anos, poderia explicar para eles a igualdade entre os dois pobres bichinhos.

Eu não sei se sou a única, mas toda vez que olho por trás da janela do ônibus, enxergo a diferença. Vejo aqueles prédios grandes e luxuosos, onde as mulheres reúnem-se à tarde para tomar o glorioso chá e conversar sobre assuntos sem importância. Porém, em alguns casos, tenho que me sentar do outro lado do ônibus, obrigando-me a ver a pobreza, a desavença e a fome. Nessas horas o meu pensamento volta na borboleta e no tigre, aqueles que são iguais e diferentes ao mesmo tempo, aqueles que vivem em constante guerra. O tigre forte pisando na pobre borboletinha.  É nessas horas que percebo que não passamos de animais com a capacidade de pensar desligada. Aposto que meu avô não concordaria com essa minha nova teoria.

sábado, 22 de junho de 2013

Cores e flores espalhadas por um quarto que nunca foi realmente usado. Palavras ditas que na verdade não foram nem se quer mencionadas. Um sentimento de angustia que me acalma. Paisagens calmas pedindo ajuda para qualquer um que passe. E, claro, aquele mundo tão perfeito que não é nem um pouco bonito de perto.
Desde quando um papel em branco mudou o mundo? Acho que na verdade nunca, quem realmente o mudou foram as pessoas que nele escreveram e fizeram algo valer a pena. Mas e aquelas rosas que tanto amo, são realmente  vermelhas? Pois lhe digo, meu caro amigo, aquelas rosas são na verdade violetas de um azul tão intenso que é quase impossível enxerga-las, afinal só vê a verdade aquele que realmente acredita nela, ou seja, meu amigo, talvez realmente aquelas violetas sejam rosas vermelhas.

Por que o mundo parece tão cansado? A cada passo, a cada olhar encontro um, talvez, novo sorriso que é acompanhado de uma falsa felicidade, claro que ninguém se preocupa com isso, afinal por que um sorriso seria tão importante? Sabe, meu caro, esse sorriso é tão verdadeiro quanto as suas rosas violetas, aquelas que parecem ser vermelhas, mas são na verdade azuis. Pois então, agora me diga por que as acha tão importantes?

domingo, 28 de abril de 2013


Pobre daquela mãe que um dia viu seu filho perdido entre as árvores e a esperança. Pobre daquele filho que viu sua mãe gritando para voltar para casa quando saíra para realizar seus sonhos. Triste o fim dessas pessoas que enxergam apenas o que querem, o que sentem e o que ouvem. Talvez ouvir, ver e sentir os outros também seja tão necessário quanto se conhecer.
O que mais escutamos hoje em dia é: “descubra quem você é” ou “pense primeiro em você” ou até “esqueça os outros, você é o único ser que se importa com você”. Todas essas mentiras e conselhos ruins jogados ao ar para qualquer um pegar. Triste é ver aquela criança que pega essas palavras mentirosas como uma pipa colorida que caiu em frente sua casa. Horrível ver aquele adulto que muda achando que está errado ao recolher essas palavras da terra como se fossem sustento para suas vidas.
Afinal, que tipo mundo queremos viver hoje? Um mundo egoísta que só pensa em si mesmo, sem solidariedade nem humildade? Cadê a compaixão de todos? Quem irá nos ajudar no futuro? É isso mesmo que queremos? Pois é isso que vem acontecendo. Mãe abandonando seus filhos. Pessoas brigando por dinheiro e orgulho. Mas que futuro é esse afinal? Se é que há um futuro nisso.
Espero que daqui alguns anos crianças e adultos se reúnam contra todo esse erro. Espero que concertem tudo o que erraram e construam um mundo novo onde possam brincar na rua até tarde, onde as pessoas abracem os outros com a mesma intensidade que brigam hoje. Um lugar onde recebamos mais flores do que tapas, onde possamos conversar na praça aos domingos. Espero que aquela mãe comece a ver seu filho como um sonhador e deixe o viver, e que seu filho volte todos os finais de semana para visita-la compreendendo que ela o ama. 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A menina que dançava sozinha


Andando sozinha pelas ruas escuras, ela se perdia em seus pensamentos. Ela sentia falta do passado, e o passado sentia falta dela. Nenhum dos dois se conhecia ao certo, apenas sabiam que um fazia parte do outro, mas não era isso o que ela achava que sabia. Ela vivia perdida em ilusões e sonhos. Amava dançar e viver, porém ainda sentia a falta dele.
Ela entrou no salão, desviando de espelhos e sapatilhas. Parou na sala principal e observou o grande e quadrado espelho a sua frente, lá ela o enxergou. Conseguiu ver seu passado depois de tanto tempo. Ele estava vestido com o seu traje de dança como sempre esteve e, é claro, estava sorrindo e a chamando para dançar. Ela foi correndo até ele, há anos que eles não compartilhavam uma dança.
Quando finalmente ela conseguiu chegar até o seu amado passado, ele a agarrou pelos braços, e assim ambos se perderam completamente em uma dança. Nenhum dos dois sabia ao certo que dança era, mas isso não os impedia de praticar ato. Até que então, ela começou a ouvir vozes pelo salão. A cada passo uma voz. Um giro... “medo”. Para trás... “Saudade”. Para frente... “Esperança”. Outro giro... ”confiança”. Um rodopio... ”coragem”.
Então ela parou, as vozes consequentemente também. Só então, foi aí que ela percebeu que seu passado havia ido junto às palavras, ela podia o ver voando longe e enquanto milhares de palavras iam o rodeando. Ela finalmente compreendeu que o seu passado já havia ido. Se sentindo mais leve se olhou no espelho a sua frente, ainda tinha esperança de vê-lo, porém a única coisa que conseguiu enxergar foi uma palavra 

“Futuro”.

domingo, 24 de março de 2013


Passam carros e ônibus, e eu ainda continuo parada esperando minha vez chegar. Prendo meu olhar em uma garotinha, que parece estar sozinha nesse mundo infortuno. Ela também está esperando a vez dela. Aquela chance que todos queremos de tentar mudar algo que nunca foi mudado ainda. Uma esperança que habita nossos corações, sonhamos que um dia seremos tão inteligentes a ponto de mudarmos o mundo e a todos que nele vivem.
Mas, aquela garota parece ser tão diferente e solitária, talvez seja esse o nosso futuro. Ela olha em minha direção e rapidamente desvia o olhar, ela talvez não se orgulhe tanto de seu passado.  Não posso fazê-la mudar de ideia, já que nem eu me orgulho do meu presente. Mas que garota é aquela que tanto sonha e faz o mundo virar em um sentido que o torna mais rápido?
Pois é, essa menininha, tão pequena e ao mesmo tempo tão grandiosa aos nossos olhos, acaba de sair, ela anda em uma direção que eu ainda não sei identificar. Mas eu tenho certeza que daqui alguns anos, quando meus netos virem essa menina vão se lembrar da história que sua vó contava sobre uma garotinha que esperava um ônibus passar junto com a vontade mudar o mundo. 

quarta-feira, 20 de março de 2013



Andando sozinho, sempre por traz de seu grande e escuro escudo que o esconde de todo o mundo, sempre pensando na vida, porém sem saber como viver. Corre atrás de um sonho que julga inatingível, mas nunca sai de sua quente, confortável e segura toca. Acha que ela vai o proteger pra sempre. Tem vergonha e medo de encarar o mundo do jeito que ele é.
Sua mente o suga como forma de prendê-lo. Ele acha que assim a vida é mais calma e menos perturbadora. E em seu buraco negro, chamado cérebro, ele guarda seus maiores segredos, sentimentos e anseios. Pois, sua mente o faz pensar que se algum dia tudo isso escapar e decidir voar pelo mundo, sua vida pode tornar um grande problema.
Não digo que ele está errado, mas acho que talvez, pelo menos um dia, ele devesse sair dessa escuridão que o prende e tentar viver a vida do jeito que ela é. Não adianta sonhar com algo se não tem coragem de tentar. E se acaso errar, tente de novo, afinal essa é a graça da vida, não se pode viver acertando, se não nada nesse tortuoso mundo faria sentido. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


E no meio de toda essa confusão, um sorriso. Um único sorriso capaz de destruir barreiras indestrutíveis. Um gesto puro que pode mudar o rumo da humanidade.  É engraçado pensar que a vida gira em torno de um único sorriso, o seu sorriso. É estranho imaginar que um dia tudo isso que vemos acontecer por aí, ser mudado através de algo que fazemos diariamente sem pensar. Algo que nem sempre é sincero ou gentil, mas mesmo assim o seu valor não muda, o valor da alegria.
Sinto falta de chegar em casa e receber aquele abraço, aquele sorriso caloroso. Sinto falta de ver a alegria me consumir, de ver os pássaros cantando ou o céu azul. Tudo isso gira ao seu redor, foi você que me tornou incapaz de mudar o mundo.  Hoje chego em casa e não sinto o seu cheiro, nem se quer ouço sua voz. Você levou tudo isso embora e agora tudo o que me resta é tentar sorrir.
Era aconchegante olhar você, gostava de ver os seus olhos, sentir seu coração batendo fortemente quando me via. Amava ver você vivendo como se não houvesse amanhã. Lembro-me que todas as tardes você pegava minha mão e dançava livremente pela casa, um dia era valsa, no outro tango e assim enfrentávamos os dias bons e ruins. Porém hoje, não vejo nada, nem seus olhos e muito menos aquele acelerado coração. A única coisa que sou capaz de sentir é a sua alma flutuando pelos cantos da casa procurando um novo parceiro de dança. Pelo menos, eu sei que uma vez ao dia você cumpri a sua obrigação de salvar o mundo com apenas um sorriso.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


É finalmente consegui me livrar daquele peso. Finalmente consegui olhar nos seus olhos e dizer aquele grande e doloroso adeus. Finalmente me despedi de você sem um beijo ou carinho. Pode parecer triste, mas para mim, parece mais um alívio, uma conta paga, um fogo apagado ou um trabalho bem feito. Parece que tudo está mais leve agora que eu sei que vou acordar e ter a certeza que nunca mais vou voltar a te ver ao meu lado dormindo como um anjo. Nunca mais vou precisar te abraçar, te beijar ou te ver.           
Sei que um dia você foi meu grande amor, aquele que um dia jurei nunca abandonar, mas hoje olho suas fotos e apenas o vejo como, aquele que um dia sorriu só para mim. Não o olho mais com esperança. Você seguirá sua vida e eu a minha, assim como tem que ser, assim como todos quiseram que um dia fosse.       
Não, nós nunca poderemos realizar aqueles sonhos que, um dia, prometemos cumprir. Jamais vou precisar vestir um vestido branco e te encontrar em um altar. Nunca vou precisar te contar que nossa família vai aumentar. Também, nunca mais vou ter aquele prazer em ser rodopiada por você e em seguida acolhida por seus braços e beijada. Esses e outros são prazeres que não vou, jamais, realizar em minha vida.  Não se preocupe, não sentirei falta do seu riso ou de suas piadas sem graças, pois eu sei que bem lá no fundo você ainda é meu e eu ainda sou sua.

                               

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Meu querido sonhador


Seus pensamentos são únicos e bonitos. Anda por aí sonhando com a ideia de um mundo perfeito. Olha ao seu redor e imagina pessoas andando de mãos dadas e sorrindo umas para outras, sua visão não o deixa ver o desastre e o caos que existe no mundo. Um típico sonhador e viciado no amor. Seus sonhos são doces e alegres, jamais pensa que algo ruim está para acontecer.
Ao mesmo tempo é direto e sabe o que quer, não deixa nada passar para trás. Agarra suas oportunidades como se fossem diamantes brilhantes. Sem medo de errar segue o seu caminho de pedras douradas, não se esquecendo de sempre deixar um rastro onde passa, para que nunca se esqueça de nem um único pedaço da sua vida.
Sonha que um dia vai sentar em sua poltrona macia, logo ao lado de sua amada. Ficar contando todas as suas inesquecíveis aventuras aos seus pequenos netos.  Quer um dia ser lembrado como “aquele que mudou o mundo para melhor”. Mas por enquanto se limita em espalhar paz e amor pelas violentas e inquietas ruas de sua cidade.