Lembra quando eu era
criança e você sempre insistia em me arrastar até o balanço? Ou quando me
obrigava a comer aquelas estranhas balas amarelas? Pois é, agora aqui estou eu,
já não tenho mais minhas balas nem minha infância. Penso que daqui alguns dias
estarei prestes a me jogar naquela imensa pista de corrida sem nem ao menos ter
aprendido que antes de dormir precisa escovar os dentes.
E você, sumiu no tempo que a minha
visão ainda era embaçada. Sei que se aquela onda de desejos e insatisfações não
tivesse te atingido, talvez eu ainda estivesse aqui, talvez você até pudesse estar
comigo. Não sei nada sobre mim e nem
sobre você, estou em um momento depressivo sem aquelas esbranquiçadas e amareladas
balas. Lembro-me que foi você que me viciou nelas.
No
mundo inferior em que vivo, perdida em ilusões que já nem me agradam mais,
todas as noites quando me deito, minto para mim mesmo que amanhã acordarei com
você me chamando para o café e dizendo aquelas coisas que todos dizem. E logo
depois dessa viajem que faço até o mundo real, volto para minha cama e como
mais algumas daquelas estranhas balas.