De batom vermelho e meias
cor de rosa. Era essa a sua marca. Andava por toda rodovia sem nenhum medo ou
dignidade. Parava toda vez que era chamada, sempre com um meio cigarro em seus
dedos. Era essa sua vida, agora.
Ninguém podia ouvi-la ou
vê-la. O mundo, para ela, sempre fora tão vazio. A sua volta, só via algumas
almas sem rosto a procura de algo maior. Esse era seu passado, ela era apenas
mais uma alma não identificada com muita vontade de viver. Mas quem era ela? Era
só mais uma menininha com medo de sair de perto dos pais.
Agora não, ela não era
mais uma criança. Era uma mulher, pelo menos era o que ela pensava. Todos os
dias antes de sair de casa ela passa seu batom, que mais parecia uma enorme
mancha de sangue em seus lábios, e colocava seus enormes saltos, mas nunca
deixava de vestir suas pequenas e delicadas meias rosa, era uma forma de jamais
esquecer seu glorioso passado.