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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

De batom vermelho e meias cor de rosa. Era essa a sua marca. Andava por toda rodovia sem nenhum medo ou dignidade. Parava toda vez que era chamada, sempre com um meio cigarro em seus dedos. Era essa sua vida, agora.
Ninguém podia ouvi-la ou vê-la. O mundo, para ela, sempre fora tão vazio. A sua volta, só via algumas almas sem rosto a procura de algo maior. Esse era seu passado, ela era apenas mais uma alma não identificada com muita vontade de viver. Mas quem era ela? Era só mais uma menininha com medo de sair de perto dos pais.

Agora não, ela não era mais uma criança. Era uma mulher, pelo menos era o que ela pensava. Todos os dias antes de sair de casa ela passa seu batom, que mais parecia uma enorme mancha de sangue em seus lábios, e colocava seus enormes saltos, mas nunca deixava de vestir suas pequenas e delicadas meias rosa, era uma forma de jamais esquecer seu glorioso passado.

domingo, 4 de agosto de 2013

Caminha por um lugar bagunçado, cheio de árvores, palavras tristes que são capazes de machucar qualquer um e dentro de alguns lugares ainda é possível ver alguns sorrisos. Anda como se estivesse perdida, mas sabe exatamente onde está, porém ainda não se acostumou com a ideia de que amanhã as flores não serão nunca mais vistas.
Mas quem é ela para dizer quanto tempo às flores devem ficar? Porque as expulsar agora, que estavam tão perto da primavera? Porém, na mente dela a primavera já não existe mais, ela caminha em um eterno inverno, sem flores nem cores. Muitos dizem que é impossível viver em um frio constante, mas ela nega qualquer forma de negativismo, afirma que isso é tudo questão de se acostumar, diz que às vezes, até consegue ver o sol nascer atrás de grandes e escuras nuvens.
            A aqueles que digam que quando a noite cai, ela se esconde dentro de uma caverna úmida e fica sonhando com a primavera, a mesma onde via rosas nascer durante o dia e sentia o cheiro dos jasmins à noite. Em alguns momentos de recaída ela admite sentir falta das cores vivas, dos animais e do sol, diz que é impossível desistir de um sonho de um dia para outro, precisa de um tempo para poder se adaptar e achar um novo sonho para correr atrás, assim como os pássaros fazem procurando o sol de norte a sul.