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domingo, 28 de abril de 2013


Pobre daquela mãe que um dia viu seu filho perdido entre as árvores e a esperança. Pobre daquele filho que viu sua mãe gritando para voltar para casa quando saíra para realizar seus sonhos. Triste o fim dessas pessoas que enxergam apenas o que querem, o que sentem e o que ouvem. Talvez ouvir, ver e sentir os outros também seja tão necessário quanto se conhecer.
O que mais escutamos hoje em dia é: “descubra quem você é” ou “pense primeiro em você” ou até “esqueça os outros, você é o único ser que se importa com você”. Todas essas mentiras e conselhos ruins jogados ao ar para qualquer um pegar. Triste é ver aquela criança que pega essas palavras mentirosas como uma pipa colorida que caiu em frente sua casa. Horrível ver aquele adulto que muda achando que está errado ao recolher essas palavras da terra como se fossem sustento para suas vidas.
Afinal, que tipo mundo queremos viver hoje? Um mundo egoísta que só pensa em si mesmo, sem solidariedade nem humildade? Cadê a compaixão de todos? Quem irá nos ajudar no futuro? É isso mesmo que queremos? Pois é isso que vem acontecendo. Mãe abandonando seus filhos. Pessoas brigando por dinheiro e orgulho. Mas que futuro é esse afinal? Se é que há um futuro nisso.
Espero que daqui alguns anos crianças e adultos se reúnam contra todo esse erro. Espero que concertem tudo o que erraram e construam um mundo novo onde possam brincar na rua até tarde, onde as pessoas abracem os outros com a mesma intensidade que brigam hoje. Um lugar onde recebamos mais flores do que tapas, onde possamos conversar na praça aos domingos. Espero que aquela mãe comece a ver seu filho como um sonhador e deixe o viver, e que seu filho volte todos os finais de semana para visita-la compreendendo que ela o ama. 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A menina que dançava sozinha


Andando sozinha pelas ruas escuras, ela se perdia em seus pensamentos. Ela sentia falta do passado, e o passado sentia falta dela. Nenhum dos dois se conhecia ao certo, apenas sabiam que um fazia parte do outro, mas não era isso o que ela achava que sabia. Ela vivia perdida em ilusões e sonhos. Amava dançar e viver, porém ainda sentia a falta dele.
Ela entrou no salão, desviando de espelhos e sapatilhas. Parou na sala principal e observou o grande e quadrado espelho a sua frente, lá ela o enxergou. Conseguiu ver seu passado depois de tanto tempo. Ele estava vestido com o seu traje de dança como sempre esteve e, é claro, estava sorrindo e a chamando para dançar. Ela foi correndo até ele, há anos que eles não compartilhavam uma dança.
Quando finalmente ela conseguiu chegar até o seu amado passado, ele a agarrou pelos braços, e assim ambos se perderam completamente em uma dança. Nenhum dos dois sabia ao certo que dança era, mas isso não os impedia de praticar ato. Até que então, ela começou a ouvir vozes pelo salão. A cada passo uma voz. Um giro... “medo”. Para trás... “Saudade”. Para frente... “Esperança”. Outro giro... ”confiança”. Um rodopio... ”coragem”.
Então ela parou, as vozes consequentemente também. Só então, foi aí que ela percebeu que seu passado havia ido junto às palavras, ela podia o ver voando longe e enquanto milhares de palavras iam o rodeando. Ela finalmente compreendeu que o seu passado já havia ido. Se sentindo mais leve se olhou no espelho a sua frente, ainda tinha esperança de vê-lo, porém a única coisa que conseguiu enxergar foi uma palavra 

“Futuro”.